O glaucoma é uma doença que ocorre pelo aumento da pressão interna do globo ocular, que em condições normais é de 15 mm Hg, embora oscile entre os valores-limite de 10 e 21 mm Hg, condição indispensável para assegurar a forma esférica do olho e garantir o seu correto funcionamento. Portanto, a maioria das pessoas que são diagnosticadas com glaucoma têm a pressão intraocular acima de 21 mmHg, embora ocorra casos também de glaucoma com pressão normal. As principais causas da pressão alta dos olhos estão relacionadas a fatores como a produção excessiva de líquido ocular, histórico familiar de glaucoma e o estreitamento ou obstrução do sistema de drenagem do olho.
O glaucoma é um dos graves problemas de saúde pública mundial, principalmente em países em desenvolvimento, sendo a segunda causa mais comum de cegueira no mundo todo.
Sintomas
Os principais sintomas do glaucoma incluem:
- escavação do disco óptico: problema que prejudica os estímulos luminosos captados pela retina no olho chegarem corretamente ao cérebro. É este processo que cria o que chamamos de visão. Nossos olhos recebem as imagens por meio da luz, cuja ondas são transformadas em impulsos elétricos e conduzidos ao cérebro pelo nervo óptico. O cérebro interpreta estes impulsos elétricos e nos devolve estes impulsos elétricos em forma de imagens em nosso campo visual. E, assim, conseguimos enxergar o mundo à nossa volta.
- endurecimento do globo ocular: na oftalmologia este problema é conhecido como presbiopia. Faz parte do processo natural do nosso envelhecimento ou também por deficiência de vitamina A, que pode provocar paulatinamente o endurecimento do cristalino, uma espécie de ‘lente’ transparente e flexível que está localizada atrás da pupila, dentro de uma cápsula. O cristalino tem a importante função de regular o foco dos objetos, mecanismo conhecido como acomodação visual, realizado com o auxílio do corpo ciliar. O glaucoma acelera o endurecimento do globo ocular, independente da idade da pessoa. O endurecimento do globo ocular faz com que ao observar objetos a curta distância o olho foque a luz atrás da retina, em vez de na própria retina. Isso provoca um tipo de erro refrativo, tal como a miopia, hipermetropia e astigmatismo.
- anestesia corneana: a córnea possui uma grande quantidade de fibras oriundas do nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade e proteção desse importante órgão ocular. O glaucoma pode bloquear esta sensibilidade, numa situação muito parecida com a síndrome do olho seco, decorrente da falta de lacrimejamento, o que faz com que os olhos fiquem vermelhos e queimando
- acuidade visual reduzida: uma pessoa com Baixa Visão é aquela que possui um comprometimento de seu funcionamento visual, mesmo após tratamento e/ou correção de erros refracionais comuns e tem um campo visual inferior a 10 graus do seu ponto de fixação, mas que possui ainda capacidade de enxergar
- visão de halos coloridos ao redor da luz: se caracteriza por pontinhos brilhantes na visão e são resultado de alterações circulatórias que causam espasmos dos vasos sanguíneos na retina. Com a pressão intraocular aumentada, os vasos se estreitam para controlar o fluxo de sangue e, com isso, alteram a sua circulação. Ver essas luzinhas é um sinal de alerta de que a pressão intraocular está altíssima e de que é preciso ir ao médico com urgência.
- dificuldade de adaptação ao escuro: é normal que uma pessoa demore um pouco para conseguir ver alguma coisa ao apagar as luzes para dormir, por exemplo. Os olhos precisam de alguns instantes para se adaptarem a essa mudança brusca de intensidade luminosa. Essa dificuldade é normal, mas quando os olhos demoram demasiadamente na adaptação à intensidade da luz pode ser um sintoma comum de diversos problemas nos olhos, como degeneração macular da íris ou alguma lesão na córnea, que estão associados ao glaucoma.
- defeitos do campo visual: os mais comuns são a perda parcial ou total da metade superior ou inferior do campo visual, perda total ou parcial da metade medial de ambos os campos visuais, perda total ou parcial da metade lateral de ambos os campos visuais, aumento da área de mancha cega na região da cabeça do disco óptico, perda de todo o campo visual periférico em um ou em ambos os olhos ou perda parcial ou total da metade direita ou esquerda de ambos os campos visuais
- fortes dores de cabeça frequente: no caso de glaucoma agudo, é muito comum sentir dores nos olhos e na cabeça, principalmente na região da testa. Isso acontece porque o aumento repentino da pressão intraocular leva a uma resposta diferente dos nervos, transmitindo essa sensação de que algo está dolorido.
Formas de Glaucoma
Glaucoma crônico de ângulo aberto
É a forma mais frequente desta doença e se caracteriza por causar lesão do nervo óptico associada a ângulo aberto da câmara anterior, estrutura localizada entre a córnea e a íris e que é preenchida com um fluído chamado humor aquoso que fornece os elementos necessários para o metabolismo das estruturas dos olhos que são avasculares (que não recebem benefícios nutricionais de sangue) como a córnea e o cristalino que se apresenta através da pupila. No glaucoma de ângulo aberto a capacidade de drenagem do humor aquoso é abaixo do normal.
Numa primeira fase, apenas provoca uma diminuição do campo visual periférico que o paciente pode levar muito tempo a detectar, durante a qual tropeça em objetos que deveria ter visto e não viu ou, quando vai ao cinema ou assiste televisão, não vê as margens da tela. À medida que o problema avança, o campo visual vai de tal forma diminuindo que o paciente passa a enxergar através de um túnel e, quando o campo visual central é afetado, a perda de visão é perceptível. Nesta altura, pode-se proceder a um tratamento para evitar que a perda visual avance. E caso já se tenha produzido, a mesma é irrecuperável. Se não se travar a evolução, com o decorrer do tempo o olho afetado pode perder a visão. E como na maioria das vezes o problema afeta ambos os olhos, se ele não for devidamente tratado pode provocar uma cegueira total e definitiva.
Glaucoma crônico de ângulo fechado
Ocorre pelo fato do ângulo iridocorneano ser estreito e dificultar a drenagem do humor aquoso, proporcionando uma pressão intraocular mais elevada do que o normal, o que provoca a perda progressiva do campo visual. Todavia, o principal perigo consiste na produção de bruscos aumentos da pressão interna do olho, que pode acarretar crises agudas e com consequências irreversíveis como a perda da visão.
Glaucoma agudo por encerramento angular
Neste caso, o aumento da pressão intraocular é bruscamente provocado por um súbito encerramento do ângulo iridocorneano, devido a uma insuficiência repentina do sistema de drenagem do humor aquoso. Embora o problema tenha tendência para se evidenciar através de um ataque súbito, por vezes é precedido durante algumas horas por visão manchada, percepção de coroas de cores à volta dos focos luminosos e uma dor moderada nos olhos. O desencadeamento da crise provoca manifestações típicas: perda visual quase total, vermelhidão e dor intensa no olho afetado, muitas vezes acompanhada por náuseas e vômitos. Embora estes sinais e sintomas diminuam, na maioria dos casos, de maneira espontânea ao fim de algumas horas, por vezes podem originar como sequela a perda definitiva de uma parte mais ou menos extensa do campo visual. Dado que é muito habitual que as crises se repitam após intervalos variáveis no olho afetado e também que se evidenciem ataques no outro olho, caso não seja devidamente tratado o problema pode chegar a provocar cegueira total e irreversível.
Glaucoma congênito
Como o próprio nome diz, a criança já nasce com o problema, que pode se manifestar nos primeiros dias ou ao longo dos primeiros meses de vida, devido a um defeito no desenvolvimento do ângulo iridocorneano, que impede a drenagem do humor aquoso. Costuma afetar os dois olhos, que sobressaem da órbita, e se não for devidamente tratado pode originar uma cegueira total.
Fatores de risco de glaucoma
- Idade avançada
- Histórico de glaucoma na família
- Pessoas de etnia africana ou afro-descendentes
- Espessura corneana central mais fina
- Hipertensão sistêmica
- Diabetes
- Miopia ou hipermetropia
- Pessoas que usam corticosteroides por muito tempo
- Pessoas com histórico de lesão ou cirurgia ocular
Tratamento
O tratamento do glaucoma baseia-se na normalização da pressão intraocular, que, de acordo com a fase de evolução do problema, passa pela utilização de medicamentos como colírios ou pela realização de cirurgia.