Elas vivem no interior das células de todas as espécies de seres vivos, mais precisamente no citoplasma, matéria gelatinosa que armazena substâncias químicas fundamentais para a manutenção da vida. São os parasitas do bem, responsáveis pela fabricação de 90 por cento de toda a energia do corpo. Cientificamente, são chamadas de organelas, ou pequenos órgãos celulares. Seu DNA é semelhante ao das bactérias. Cada célula tem cerca de dois mil a oito mil mitocôndrias, que queimam três tipos de combustíveis: a glicose, as gorduras e as proteínas. Mas devido ao modo de alimentação moderno, com altas taxas de carboidratos ou açúcar, as pessoas estão fornecendo muito mais glicose para as células. Por causa deste desequilíbrio o número de diabéticos vem crescendo alarmantemente em todo o mundo. Se as pessoas reduzissem a ingestão de carboidratos, principalmente os de cadeia curta que possuem alto valor glicêmico, as células utilizaram mais corpos cetônicos, que são fabricados principalmente no fígado a partir da gordura armazenada neste órgão. Pois, quando o nível de glicose cai e ela se torna escassa, então o fígado transforma a gordura ou ácidos graxos em corpos cetônicos que serão levados para as mitocôndrias fabricarem energia nas células.
NOSSA SAÚDE DEPENDE DE MITOCÔNDRIAS SAUDÁVEIS
Quando as mitocôndrias adoecem, ou seja, têm o seu código genético danificado, as pessoas também ficam doentes. Muitos fatores, como produtos químicos, alimentos, hábitos modernos de estilo de vida e campos eletromagnéticos, estão implicados como causas da disfunção mitocondrial. Quanto mais mitocôndrias saudáveis os indivíduos tiverem, mais saudáveis eles são, pois isto aumenta sua capacidade de criar energia. As crianças cheias de energia, por exemplo, são carregadas de mitocôndrias saudáveis, enquanto os idosos menos energéticos têm não só menos mitocôndrias no nível celular, mas também podem carregar um número enorme de mitocôndrias doentes. Daí o câncer ser uma doença degenerativa do sistema celular, decorrente da alteração genética das células.
Uma vez que as mitocôndrias disfuncionais param de metabolizar os alimentos – e especialmente as gorduras que produzem calor -, as gorduras se acumulam dentro da célula e de sua membrana. O resultado é duplo: os tecidos tornam-se gordos, causando doença hepática gordurosa, e as membranas celulares carregadas de gordura perdem a permeabilidade, impedindo a entrada de açúcar solúvel em água na célula. A insulina, que normalmente permite que o açúcar entre nas células, falha porque a gordura acumulada impede a passagem do açúcar. Essa condição é chamada resistência à insulina ou diabetes mellitus tipo 2. Como consequência, o fígado e o corpo começam a armazenar mais gordura, acarretando sérios problemas de saúde, do qual pode advir um infarto, uma AVC (acidente vascular cerebral), inflamação no fígado capaz de evoluir para quadros graves de hepatite gordurosa, cirrose hepática e até câncer.
Outro fato interessante é que as pessoas que permanecem magras enquanto comem grandes quantidades de alimentos geralmente confundem os médicos. Mas, como eles podem comer toda essa comida e continuar tão magros? Uma explicação comum para o que parece ser inexplicável é o “alto metabolismo”. No entanto, o entendimento científico da importância das mitocôndrias saudáveis oferece uma explicação mais plausível: pessoas com sobrepeso que comem uma uma refeição por dia, mas continuam a ganhar peso, provavelmente têm menos mitocôndrias saudáveis, após lesão das mitocôndrias por alguma combinação dos fatores descritos anteriormente. As pessoas que permanecem magras, apesar de comerem muito, provavelmente têm grandes quantidades de mitocôndrias saudáveis.
ALZHEIMER E O MAL FUNCIONAMENTO DAS MITOCÔNDRIAS DO CÉREBRO
A doença de Alzheimer, já reconhecida atualmente como diabetes tipo 3, é uma condição pela qual o “cérebro diabético” não pode usar glicose por resistência à insulina e, portanto, passa fome. A ressonância magnética dos pacientes com Alzheimer exibe encolhimento cerebral, um indicador de desnutrição das células cerebrais. Cada vez mais se tornou aparente que alimentar e nutrir mitocôndrias com cetonas saudáveis - que não necessitam de insulina – pode ajudar a restaurar a saúde mitocondrial e aliviar a fome no cérebro. Substanciando o potencial para algum nível de recuperação, pacientes com comprometimento cognitivo leve que foram alimentados com cetonas na forma de triglicerídeos de cadeia média, como os presentes no óleo de coco, apresentaram uma melhora significativa nos sintomas de funcionamento das células cerebrais.
MITOCÔNDRIAS SAUDÁVEIS DEPENDEM DE UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Não só para a saúde mitocôndrias mas do corpo em geral, devemos selecionar e comer os alimentos da mais alta qualidade possível, permitindo que eles sejam o “remédio” que deveriam ser, em vez de consumir uma dieta de alimentos processados desnaturados e vitaminas sintéticas, que apoiam insuficientemente a saúde. As melhores opções dietéticas são alimentos orgânicos, não transgênicos, que não são preparados em excesso, embalados, processados ou preservados com aditivos, cores ou produtos químicos que degradam a qualidade geral dos alimentos.
É essencial também que troquemos a glicose por gordura. A glicose pode ser considerada um “combustível sujo” porque seu metabolismo produz ERO, que são espécies reativas de oxigênio com alto poder de oxidação, como os radicais livres. Também é altamente viciante. Sua remoção da dieta pode levar a sintomas comuns de crise de abstinência, como dores de cabeça, náusea, mal-estar, tontura e até depressão. Por isto, é essencial substituir uma dieta baseada excessivamente em carboidratos e açúcar por uma dieta feita de gorduras saudáveis. As cetonas – feitas a partir de gordura – são o combustível mitocondrial preferido, porque são de queima limpa, são saudáveis e produzem menos ERO. O jejum intermitente, de pelo menos 12 horas por dia, é também excelente para forçar o organismo produzir corpos cetônicos. Isto acontece porque durante o jejum o corpo passa a recorrer à gordura do fígado para gerar energia.
“Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio”.
Hipócrates (460 – 337 A.C)