O refluxo gastroesofágico é um dos problemas de saúde mais comuns em todo o mundo, mas com maior prevalência nos países ocidentais, onde chega a atingir uma taxa de 20 por cento da população, incluindo adultos, jovens e até bebês. É considerada uma doença crônica, ou seja, que não é curada num tempo curto de menos de três meses. Se caracteriza pelo retorno involuntário e repetitivo do alimento em digestão no estômago para o esôfago.
O que é refluxo
Quando engolimos o alimento depois de mastigá-lo em nossa boca, ele desce pela garganta, passa pelo esôfago (um tubo oco situado no tórax em frente da coluna vertebral) e chega então ao estômago, onde será digerido pelo suco gástrico, uma mistura de várias substâncias, principalmente o ácido clorídrico, que quebra as proteínas para que estas sejam transformadas em aminoácidos no intestino delgado ou duodeno. O ácido clorídrico também mata bactérias que chegam ao estômago através dos alimentos. Para evitar que esta fermentação estomacal formada pela digestão retorne ao esôfago em forma de uma gás irritante para a sua mucosa, nosso organismo possui uma válvula, chamada esfíncter, logo abaixo do esôfago que se abre para permitir a passagem dos alimentos e logo em seguida se fecha.
O refluxo gastroesofágico acontece justamente quando esta válvula apresenta fragilidade que a impede de vedar completamente a subida dos gases ácidos do estômago. Isto pode acontecer devido a um defeito congênito ou de desgaste da válvula, hérnia de hiato provocada pela dilatação do abdômen que passa a comprimir o diafragma e musculatura frágil na região da válvula. O refluxo é uma doença grave, pois o ácido estomacal pode danificar o esôfago e chegar a impedir que a pessoa se alimente normalmente pela boca, obrigando que ela seja submetida à nutrição através de sonda, método conhecido como enteral, que pode ser também associada com a nutrição parenteral, que é a introdução de uma solução alimentar através de via intravenosa.
Sintomas
O sintoma mais comum do refluxo gastroesofágico é a azia, uma dor que se assemelha a uma queimação que a pessoa sente no peito. Mas também existem outros sintomas como dor torácica intensa, que pode ser confundida com a dor da angina e do infarto do miocárdio, tosse seca, rouquidão e doenças pulmonares como pneumonias, bronquites e asma. Na maioria das vezes, o refluxo acontece quando a pessoa está deitada. Portanto, quem sofre com este problema deve permanecer por pelo menos uma hora de pé depois das refeições e nunca se deitar antes de completar totalmente a digestão, o que geralmente ocorre depois de duas horas após a refeição.
Fatores de risco
Um dos principais fatores de risco para o refluxo gastroesofágico é a obesidade. Mas existem outros também como:
- consumo excessivo de café, chá preto, chá mate, chocolate, molho de tomate, comidas ácidas, bebidas alcoólicas e gasosas, principalmente refrigerantes
- tabagismo
- medicamentos como anti-inflamatórios não esteroides (ibuprofeno, diclofenato de sódio, nimesulina e outros do gênero), o ácido acetilsalicílico (AAS), a dexametasona, antialérgicos, antidepressivos e os tão consumidos remédios para dormir
- gravidez
- idade acima de 50 anos
Consequências do refluxo
Além de danificar o esôfago, o refluxo também pode causar úlcera e câncer neste órgão ou também na laringe e faringe. Portanto, a pessoa deve procurar imediatamente um gastroenterologista, médico especialista no trato gastrointestinal, ao apresentar qualquer dos sintomas que caracterizam o refluxo gastroesofágico. Deve-se prestar muita atenção às crianças e bebês que têm vômitos regulares ou frequentes e acumulam alimento na boca durante as refeições, demonstrando dificuldade para engolir, pois a causa pode ser o refluxo.
Tratamento
Ninguém deve fazer automedicação para tratar o refluxo, mas geralmente ele é tratado com medicamentos à base de hidróxido de magnésio e alumínio e outros mais perigosos, como ranitidina, cimetidina, domperidona, metoclopramida, bromoprida e os inibidores da bomba de prótons (omeprazol, pantoprazol e rabeprazol), que podem causar efeitos colaterais graves. Para quem gosta de tratamento natural existe uma planta chamada Espinheira Santa que é considerada o omeprazol da natureza, sem os efeitos danosos deste remédio. Outra opção natural é tomar o suco de limão com água sem açúcar em jejum ou antes das refeições. O limão é um poderoso antiácido natural que ajuda a combater os efeitos do refluxo. Mas o mais importante é corrigir a alimentação, evitando comer alimentos ácidos, sair da mesa com a sensação de estômago pesado e se alimentar depois das 7 horas da noite, quando a pessoa reduz drasticamente a atividade física. Aliás, um hábito saudável excelente para evitar o refluxo é fazer uma pequena caminhada, como se fosse um passeio, sem pressa e sem correr, após as refeições.
Para os casos mais graves de refluxo ou aqueles que não respondem ao tratamento clínico, pode-se optar pelo tratamento cirúrgico para reconstituir a válvula antirrefluxo ou corrigir a hérnia de hiato.